quarta-feira, 3 de julho de 2013

Presidente da CNBB celebra com Papa Francisco e entrega Nota sobre manifestações

Cardeal dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da CNBB esteve com o Papa Francisco na tarde desta quinta-feira, 27 de junho. Na manhã desta sexta-feira, 28 de junho, ele celebrou com o Papa e, em seguida, concedeu entrevista sobre esses encontros nos estúdios da Rádio Vaticano.

Leia o que ele disse ao repórter Silvoney José:

Como foi a visita que o senhor fez ao Papa Francisco?


Estive com o Santo Padre, ontem a tarde, juntamente com o meu bispo auxiliar, dom Darci Jose Nicioli. Fomos falar com o Santo Padre acerca da sua viagem a Aparecida. Santo Padre estava muito contente, distensionado, alegre e, até, brincando. Um dos pontos principais era aquele da celebração eucarística em Aparecida. Nós tínhamos a informação de que a celebração deveria ser no interior da Basílica e isso nos preocupava porque aguardamos, em Aparecida, um número de 200 a 300 mil pessoas, por ocasião da visita do Papa. A Basílica é grande e muito bonita e cabe cerca de 30 mil pessoas em pé, mas que, por razão de segurança, o número seria reduzido a 15 mil pessoas e teríamos fora, cerca de 200 mil pessoas. Expus essa situação ao Santo Padre. Os peregrinos que forem a Aparecida, no dia 24 de julho, para encontrarem-se com o Santo Padre e visitar o Santuário, certamente querem participar da celebração eucarística e ver o Santo Padre, pessoalmente, e não apenas através dos telões que, normalmente, colocamos na área externa nessas grandes celebrações. E o Santo Padre se manifestou completamente de acordo, completamente aberto com essa proposta. Desse modo, devo me encontrar com o doutor Gasbarri (Alberto Gasbarri, organizador das viagens internacionais do Papa) para fechar, digamos assim, alguns detalhes a mais sobre a visita do Papa a Aparecida que vai ser uma visita relativamente curta, de um dia, mas, para nós, uma visita de muito significado. É o Papa Francisco que se faz peregrino com os peregrinos de Nossa Senhora Aparecida. E ao ir ao Santuário, manifestando sua devoção, seu amor a Nossa Senhora, ele está, de certo modo, se unindo a todos os peregrinos, a todos os brasileiros, porque Nossa Senhora Aparecida é a nossa padroeira, padroeira de todo o país. A visita, portanto, é simbólica, muito significativa para o Santo Padre, para nós em Aparecida e para todo o Brasil.

O Papa está acompanhando as manifestações populares no Brasil?

Eu creio que sim, mas não preocupado com isso. Eu entreguei ao Santo Padre a Nota Oficial da CNBB a respeito das manifestações. Ele não conhecia a Nota. Pelo que eu percebi do Santo Padre, ele vê tudo isso como algo, de certo modo, normal, natural, num país democrático onde as pessoas podem e devem, às vezes, manifestar seus anseios, desejos, reivindicações para que o governo, então, procure ler, interpretar o que as pessoas estão querendo dizer aos nossos dirigentes, à nossa sociedade e procure tomar as medidas necessárias, cabíveis para atender essas reivindicações quando elas são justas. Claro que não se trata de apoiar nenhuma manifestação que parta para agredir as pessoas, violar direitos das pessoas, depredar o patrimônio publico ou privado. Nada justifica, em nenhuma manifestação, esse tipo de violência. As manifestações pacíficas, quando realmente querem contribuir para o bem do País, chamando atenção para determinadas políticas públicas, são necessárias e fundamentais. E nas manifestações pelo Brasil, nós percebemos uma grande presença dos jovens e nós temos a Campanha da Fraternidade desse ano justamente sobre os jovens, na qual afirmamos que os jovens devem exercer um protagonismo na vida comunidade paroquial e também na vida social. É importante que os jovens se manifestem. Eles devem participar da vida política e social do nosso país e estão participando, contanto que seja dentro da ordem, dentro do respeito às leis. E que também a Polícia, que tem como missão garantir a segurança dos cidadãos, a ordem no interior de nossas cidades, do nosso País, que saiba respeitar essas manifestações de modo que elas transcorram num clima de harmonia, de respeito e de tranquilidade.

Fonte: CNBB