quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Estado e Igreja ao serviço do bem comum - Bento XVI e Giorgio Napolitano assistiram a concerto nos 84 anos dos Acordos de Latrão

Em 11 de Fevereiro ocorrem 84 anos da assinatura dos Acordos de Latrão, o tratado que regulamentou as relações entre a Itália e a Santa Sé, reconhecendo a criação do Estado do Vaticano. Para comemorar este importante acontecimento, a embaixada da Itália junto da Santa Sé ofereceu ontem, 4 de Fevereiro, um concerto na Sala Paulo VI em homenagem ao Papa Bento XVI e ao Presidente da República Italiana, Giorgio Napolitano. Na sala habitualmente utilizada pelo Papa para as audiências semanais das quartas-feiras estiveram em palco o consagrado Maestro Zubin Metha que dirigiu a Orquestra ‘Maggio Musicale Fiorentino’. Foram executadas a Ouverture de “A força do destino”, de Verdi (nos 200 anos do nascimento) e a Terceira Sinfonia, “Heróica” de Beethoven.

Numa breve alocução, antes do início do concerto, o presidente Giorgio Napolitano, aplaudido pelo vasto auditório, comoveu-se ao evocar os encontros e colóquios tidos com o Papa Ratzinger, “nestes sete difíceis anos, difíceis não só para o meu país num mundo cada vez mais interdependente”. Falando daquele “recíproco escutarmo-nos”, Napolitano reconheceu publicamente que muito o enriqueceu o diálogo mantido com o Papa “sobre a Itália, sobre a Europa, sobre a paz e sobre a própria política entendida como dimensão essencial do agir humano, sobre as raízes ideais e morais do empenho político”. Recordando os 84 anos dos Acordos de Latrão, o presidente italiano congratulou-se com a "serena e confiante cooperação entre o Estado e a Santa Sé" existente, sempre em vista do bem comum.

Por seu turno o Papa Bento XVI abordou as peças musicais executadas e os respectivos compositores, referindo Verdi como um músico inquieto, em atitude de procura espiritual e religiosa. Sobre a Sinfonia de Beethoven, Bento XVI deteve-se no segundo andamento, a célebre Marcha fúnebre, meditação sobre a morte, que inicia com tons dramáticos e desolados, mas contém, na parte central, um episódio sereno: o pensamento da morte convida a refletir sobre o além, sobre o infinito. O Papa Ratzinger evocou o testamento de Heiligenstadt, de 1802, (período da composição da obra), em que Beethoven escrevia: “Ó Deus, das alturas Tu vês o meu íntimo e sabes que está repleto de amor pela humanidade e de desejo de fazer o bem”. “A procura de sentido, que abra uma esperança sólida para o futuro faz parte do caminho da humanidade” – concluiu Bento XVI.

Antes do concerto, o Santo Padre e o Presidente Napolitano encontraram-se, numa sala anexa à Aula Paulo Vi, para um colóquio de 20 minutos. O encontro - refere um comunicado - foi particularmente intenso, no contexto da conclusão do mandato presidencial, caraterizado pela grande estima recíproca.

Na conversação, não faltaram referências aos principais temas da situação internacional, em especial às preocupações pela paz nas regiões mais abaladas do mundo, como o Médio Oriente e a África.

Fonte: Rádio Vaticano