quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Usina de Belo Monte é tema de documentário e debate em São Paulo (SP)

A construção da Usina de Belo Monte, no rio Xingu, Pará, estado da região Norte do Brasil, foi tema de debate na noite de ontem, quarta-feira (14), em São Paulo (SP). O evento, foi promovido pelo centro cultural Mantilha Cultural juntamente com o Movimento Xingu Vivo para Sempre, faz parte da programação do Setembro Verde.

Os participantes tiveram a oportunidade de assistir ao documentário À Margem do Xingu – Vozes não Consideradas, do diretor espanhol Damià Puig. Em seguida, houve um debate com o procurador do Ministério Público Federal no Pará, Felício Pontes Júnior, e com o professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo e ex-diretor da Petrobras, Ildo Sauer.

Verena Glass, assessora de comunicação do Movimento Xingu Vivo para Sempre, explica que a ideia do debate será aprofundar as questões discutidas no documentário, como os impactos de Belo Monte para as populações indígenas, ribeirinhas e camponesas da região de Altamira, no Pará, e os aspectos jurídicos, ambientais e energéticos do projeto.

A polêmica em torno de Belo Monte continua. Se Governo Federal tenta a todo custo impor a usina, movimentos sociais e comunidades afetadas lutam para que isso não aconteça. A integrante do Movimento Xingu Vivo afirma que as manifestações contra a usina estão crescendo tanto no Brasil quanto no exterior.

Verena destaca o baixo proveito energético do projeto. "Chama a atenção como o Estado pisa nas próprias leis para um projeto que não tem nem viabilidade econômica. O aproveitamento energético é baixo”, comenta, lembrando a desistência de algumas empresas integrantes do consórcio vencedor de Belo Monte. "Até o setor privado chegou à conclusão que [Belo Monte] é um péssimo negócio”.

Para ela, é importante fazer com que o projeto seja debatido com a população. Na opinião dela, não será a construção da usina "que vai fazer o Brasil crescer”. Além da imposição, Verena se indigna com as declarações do Governo sobre os impactos do projeto nas comunidades indígenas. "O mais chocante é que o Governo diz que os índios não serão afetados. Isso é mentira”, afirma, ressaltando a falta de discussão com as comunidades impactadas.

Problemas começam a surgir

A ativista ainda aponta que a situação das comunidades afetadas por Belo Monte está "caótica”. De acordo com ela, em Altamira, município paraense afetado pela usina, a violência já aumentou em 28%.

A cidade também foi campeã em desmatamentos realizados em maio na região Amazônica. Dados do Relatório Transparência Florestal da Amazônia Legal Maio de 2011, divulgado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), revelam que, em maio deste ano, foram desmatados 165 quilômetros quadrados da Amazônia Legal. Altamira foi o município campeão em áreas desmatadas. Ao todo, 22,2 quilômetros quadrados da região foram devastados em maio passado.

Outro problema já recorrente na cidade é o custo de vida e a moradia. A especulação imobiliária já chegou a Altamira e, com ela, a insegurança para aqueles que não têm condições de arcar com o aumento dos alugueis dos imóveis. "Casas de palafita que antes custavam 50 reais agora custam 200 [reais]”, revela, lembrando que os problemas aumentam sem resposta do Governo. "Não há nenhuma atitude do Governo para mitigar essa situação. As políticas públicas não chegam”.


Fonte: Karol Assunção - Adital