quarta-feira, 27 de julho de 2011

Arquidiocese lembra os 18 anos da chacina da Candelária

A chacina na Candelária completou 18 anos no dia 23 de julho. Na tragédia, oito meninos foram assassinados por policiais enquanto dormiam em frente à Igreja, na madrugada de domingo para segunda-feira, na época, de 22 a 23 de julho.

Para manter acesa a chama da esperança e lutar pelo fim da violência, o acontecimento foi recordado através de diversos eventos realizados entre a noite do dia 21 e a manhã do dia 23, quando uma carreata vinda de diferentes pontos do Rio de Janeiro, e seguiu até a Candelária, onde aconteceu um “buzinaço”. No dia anterior, 22 de julho, foi celebrada uma missa em memória dos mortos, que aconteceu na Igreja da Candelária. A missa foi presidida pelo padre Sérgio Marcos Sá Ferreira, da paróquia São Sebastião, em Parada de Lucas. E, logo após, aconteceu o encontro interreligioso e a “Caminhada em Defesa da Vida!”, que seguiu pela avenida Rio Branco, até a Cinelândia. No dia 21, em frente a Igreja da Candelária, aconteceu uma vigília com a participação de diversas mães que perderam seus filhos.

Além de familiares e amigos das crianças assassinadas e desaparecidas, os encontros reuniram representantes de diversas religiões e também políticos. Na “Caminhada em Defesa da Vida”, crianças e jovens seguiram na frente, segurando faixas e cartazes, entre eles, os alunos da Escola Tasso da Silveira, em Realengo. A manifestação pacífica também recordou os 21 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90), celebrado em 13 de julho, e os inúmeros assassinatos e desaparecimentos de jovens que continuam acontecendo em todo o país.

Pela primeira vez, a ministra da Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal, Maria do Rosário, participou do evento e, antes da caminhada, em breve coletiva concedida à imprensa, aceitou o desafio de agir de forma mais preventiva para combater a causa da violência, conforme o apelo proposto pelo padre Renato Chiera, fundador e presidente da Casa do Menor São Miguel Arcanjo, na diocese de Nova Iguaçu (RJ), que há 25 anos resgata crianças e adolescentes do mundo das drogas.

“Para mim, o principal dessa solenidade foi o que o padre Renato disse: ‘Mais difícil do que ser pobre é não ser filho e não ter ninguém que me espere e cuide de mim.’ Foi muito importante termos escutado isso. Porque as crianças assassinadas não tinham a referência da proteção familiar. E quando a família falta, nós não podemos faltar. E também, no apoio às famílias, nós não podemos faltar. Nós temos que melhorar juntos, como Nação, para reverter essa condição de abandono, para que toda criança tenha alguém que lhe diga: essa criança é minha, nós vamos cuidar dela”, disse a ministra.

Participaram da organização do evento “Candelária nunca mais!” diversas entidades, entre elas: as Pastorais do Menor, das Favelas e da Juventude, a Casa do Menor São Miguel Arcanjo, o Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDECA-RJ); o Fórum Estadual da Criança e do Adolescente, o Movimento Moleque, a Rede contra a violência e Humanitas.

Fonte: CNBB