sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Jovens Vivos

Um em cada três estudantes já se embriagou! Assustador dado colhido na pesquisa que o Centro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas realizou em 2008, recentemente divulgado. Mostra o levantamento feito em estabelecimentos de ensino médio – meninos e meninas entre 15 e 18 anos – que há estudantes que se embriagam de três a cinco vezes por mês! Dados alarmantes, não somente para os pais, mas para todos os cidadãos de bem. É impossível ficar indiferente diante de uma estatística estarrecedora como esta. Esses dados deixam compreensivelmente intranqüilos os pais. Afinal, a informação comprovada de um terço de estudantes já ter passado por situações de embriagues traz o assunto muito próximo de casa. O problema não atinge somente os filhos dos outros, pode já estar dentro de casa. Afirma uma jovem no levantamento feito, que começou a fumar – escondido - aos 14 anos, e quando tem certeza que os pais demorarão a voltar, fuma em casa mesmo. Depois trata de eliminar o cheiro escovando os dentes, abrindo janelas e desinfetando a casa. E o que vale para o fumo, vale, igualmente, para a bebida alcoólica.

O desafio é sério e complexo. Envolve todos os segmentos da sociedade. Existem leis que proíbem a venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos. No entanto, os próprios jovens pesquisados afirmam ter comprado cervejas e vinhos sem nenhum constrangimento. A lei existe, mas é desrespeitada impunemente. Supermercados e donos de bares sem escrúpulo e gananciosos devem ser fiscalizados com rigor. O alcoolismo não é um problema somente individual e de cunho moral, em especial quando se trata de menores, é também assunto de saúde pública e de segurança coletiva. Sujeito embriagado não prejudica somente a sua saúde, causa danos também para a coletividade. Basta contabilizar quantos acidentes de trânsito têm o consumo do álcool como causa principal. Quantos cidadãos já perderam a vida ou ficaram incapacitados, vítimas de motoristas bêbados. As autoridades policiais e judiciárias têm a obrigação moral de zelar com empenho pela observância da lei e punir com o devido rigor o comerciante irresponsável.

Claro, a responsabilidade maior recai sobre os pais. Confidenciam os jovens pesquisados que costumam beber a noite, em companhia de amigos. Emergem, espontaneamente, as indagações: sabem os pais onde e com quem andam seus filhos adolescentes? Sabem os pais o que rola quando estão junto aos amigos? É um assunto indigesto este e polêmico. Alguns ‘educadores’ modernos querem convencer os pais quanto a inconveniência de vigiar os filhos. Os jovens precisam ter a liberdade deles. Impor limites e disciplinar é mentalidade antiquada. Provoca traumas. Têm ‘doutores’ sugerindo tratamento a pais que corrigem com severidade. Professores em sala de aula precisam ter cuidado na hora de impor disciplina, pois podem ser agredidos pelos alunos e, pasme-se, desautorizados pelos pais. Limites e disciplina, claro dentro de um bom senso, são a base da formação de caráter. Esquecem, ainda, esses tais ‘educadores’ que quando o vício foge do controle são os pais que têm que correr atrás de meios para resgatar seus filhos de maus hábitos e libertá-los das más companhias. É verdade, os jovens nunca gostaram de ser vigiados. Esta mentalidade independente, porém, não justifica o abandono ou a distância desmesurada que alguns pais adotam com relação a seus adolescentes. É preciso reconhecer, e com apreensão, não são poucos os pais que desconhecem o que se passa na vida de seus filhos jovens. Simplesmente, não os acompanham. Alegam excessos de trabalho e compromissos. Reconheça-se, o ritmo da vida moderna está excessivamente exigente. Contudo, não se justifica o distanciamento. Apartar-se dos filhos é desastroso, sempre, e caro. Paradoxalmente, são os próprios jovens, os primeiros a denunciar, com suas rebeldias e más criações, a falta que sentem da atenção dos pais. Em sua condição de jovens em formação, meninos e meninas, encontram-se especialmente vulneráveis a predadores inescrupulosos, que aproveitando-se da ausência dos pais, exploram perversamente a ingenuidade dos adolescentes. Maus elementos e traficantes não tiram férias!

É de interesse geral que os jovens cresçam e evoluam saudáveis e felizes. Crime nefando é privá-los deste direito. É obrigação moral colaborar para que se tenha, na sociedade, jovens vivos!

Padre Charles Borg
charlsbg@terra.com.br