segunda-feira, 17 de maio de 2010

SÃO PAULO - Indígenas Guarani Kaiowá recebem apoio dos indígenas da cidade

Em 07 de maio, representantes dos povos Guarani Nhandeva, Guarani Mbyá, Pankararu, Pankararé, Kariri e Fulni-ô, estiveram presentes na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), para dar apoio aos indígenas Guarani Kaiowá, do Mato Grosso do Sul (MS). Adilson Verá Mirim, Guarani Mbyá, da aldeia Tekoá Pyaú, em São Paulo, falou sobre a situação que vivem os indígenas na cidade. Disse que necessitam de um espaço maior para as crianças viverem e os indígenas de modo geral, terem uma melhor situação.

Para Mirim, não só o Brasil como toda a América do Sul era habitada pelos indígenas e assim, é preciso que os não indígenas reconheçam esta realidade histórica. “Não só o nosso grupo, em São Paulo, como também os Kaiowá que sofrem com a situação de violência, necessitam de terra, de um espaço maior. Apoiamos os Kaiowá. Somos nós, indígenas, irmãos e necessitamos lutar pelos nossos direitos”. 

Nessa mesma direção houve várias manifestações, em especial de Valdelice Verón, filha de Marcos Verón, assassinado em 2003, no MS. “Estamos escrevendo a nossa história, uma história de lutas, de resistência, de valores, de vida. Não queremos que continuem contando as mentiras como fizeram até agora, a respeito de nossos povos”. Em suas falas, ela desafiou as autoridades e representantes de organismos responsáveis por essa situação a irem viver alguns dias embaixo das lonas pretas à beira da estrada. “Duvido que agüentem dois dias”.

 “Assassinatos, invasão de terras, preconceito são apenas exemplos da Barbárie brasileira. Política Liberal que realiza a matança no Mato Grosso do Sul, mas que se estende de Norte a Sul do país. A Repressão policial e a Bandidagem, são apenas parte da cultura liberal que mata, destrói e realiza as mais diversas atrocidades contra os povos indígenas do Brasil”, disse Emerson S. Oliveira, Guarani Nhandeva, estudante de Ciências Sociais, na PUC-SP.

Eliseu Lopes, Kaiowá, da aldeia Kurusu Ambá, disse aos indígenas da cidade que é preciso se unir. “Para nós não importa a etnia diferente, porque somos indígenas e temos sido tratados iguais. As autoridades e fazendeiros que são contra nós, ao falarem sobre indígenas, querem se referir a todos e por isso, nós temos que nos unir e dizer isto à sociedade brasileira. Queremos que a justiça faça alguma coisa tanto para nós que estamos resistindo na base, como para vocês nossos parentes, que moram na cidade e que também precisam de ajuda”.

Para Egon Heck, do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), do Mato Grosso do Sul, “o Povo Guarani na América do Sul é um grande exemplo daquilo que nós não fomos capazes de fazer enquanto nações, enquanto país e enquanto política, que é construir uma solidariedade mais ampla, além fronteiras, rompendo aquilo que são as grandes barreiras da convivência humana hoje”.

Fonte: Vanessa Ramos - Conselho Indigenista Missionário (CIMI), da Grande São Paulo.