quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Papa deseja juventude renovada para a Igreja

Propõe como modelos as ordens mendicantes do século XIII

O Papa Bento XVI falou hoje sobre a necessidade de um “movimento de renovação” dirigido a uma maior “coerência evangélica”, como o que aconteceu no século XIII, graças às ordens mendicantes.

Este foi o tema da sua catequese de hoje, durante a audiência geral na Sala Paulo VI, continuando com o ciclo de ensinamentos sobre a história da Igreja.

O Papa quis repassar a história daquele movimento espiritual medieval, com a intenção de extrair pautas para uma renovação na Igreja atual, segundo ele mesmo indicou no começo da sua intervenção.

Fundamentalmente, sublinhou que “são os santos, guiados pela luz de Deus, os autênticos reformadores da vida da Igreja e da sociedade”.

“Vemos, de fato, século a século, nascerem também as forças da reforma e da renovação, porque a novidade de Deus é inexorável e dá sempre novo ânimo para seguir adiante.”

Neste sentido, enlaçou com sua narração de catequeses anteriores, explicando que naquela época a Igreja atravessou uma crise interna, devido especialmente à forma de viver indigna de muitos membros do clero.

No século XII, as forças desta renovação foram as ordens chamadas “mendicantes”, especialmente as fundadas pelos santos Francisco de Assis e Domingos de Gusmão.

“Estas foram chamadas assim por sua característica de ‘mendigar’, isto é, de recorrer humildemente ao apoio econômico das pessoas para viver o voto de pobreza e levar a cabo sua própria missão evangelizadora”, explicou o Papa.

Frente ao monaquismo anterior, estas ordens tinham características novas: uma organização mais flexível que permitia chegar a lugares distantes, a pobreza da própria instituição religiosa e o estabelecer-se em cidades e não em zonas rurais.

Segundo afirmou o Papa, esta radicalidade evangélica é um dos pontos a serem imitados para uma renovação espiritual atual; neste sentido, indicou a importância dos novos movimentos, que “partem realmente da novidade do Evangelho e o vivem com radicalidade atualmente, colocando-se nas mãos de Deus, para servir o próximo”.

“Também hoje, apesar de vivermos em uma sociedade na qual frequentemente prevalece o ‘ter’ sobre o ‘ser’, há muita sensibilidade quanto aos exemplos de pobreza e solidariedade que os crentes oferecem com escolhas valentes.”

“O mundo – acrescentou, recordando a Evangelii nuntiandi, de Paulo VI – escuta com agrado os mestres, quando também são testemunhas. Esta é uma lição que não pode ser esquecida jamais na obra de difusão do Evangelho: viver primeiramente o que se anuncia, ser espelho da caridade divina.”

Cultura

Outro dos pontos a serem imitados destas ordens, segundo o Papa, é seu envolvimento no diálogo cultural.

“Menores e Pregadores não hesitaram em assumir também esta tarefa e, como estudantes e professores, entraram nas universidades mais famosas do seu tempo, erigiram centros de estudo, produziram textos de grande valor, deram vida a verdadeiras e autênticas escolas de pensamento, foram protagonistas da teologia escolástica em seu melhor período, incidiram significativamente no desenvolvimento do pensamento”, afirmou.

O pontífice quis recordar também que “os maiores pensadores, Santo Tomás de Aquino e São Boaventura, eram mendicantes, trabalhando precisamente com este dinamismo da nova evangelização, que renovou também a coragem do pensamento, do diálogo entre razão e fé”.

Neste sentido, destacou a importância hoje de que os cristãos exerçam a “caridade intelectual”, para “iluminar as inteligências e conjugar a fé com a cultura”.

“O empenho levado a cabo pelos Franciscanos e Dominicanos nas universidades medievais é um convite, queridos fiéis, a fazer-se presentes nos lugares de elaboração do saber, para propor, com respeito e convicção, a luz do Evangelho sobre as questões fundamentais que interessam o homem, sua dignidade, seu destino eterno”, concluiu o Papa.

Fonte: Zenit  
Local: Cidade do Vaticano - Roma