quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Centro Astalli - Papa apela à solidariedade e convida a dedicar conventos vazios ao acolhimento dos refugiados

O Papa Francisco chegou ao refeitório do Centro Astalli no horário em que todos os dias existe uma fila de cerca de 400 pessoas que esperam para fazer uma refeição quente. O Santo Padre saudou os refugiados e falou com alguns deles. Depois dirigiu-se à Igreja do Jesus, onde se encontra o túmulo do Padre Pedro Arrupe que em 1981, fundou o Serviço dos Jesuítas para os Refugiados. O Papa Francisco foi acolhido pelos refugiados assistidos pelo Centro Astalli e ouviu alguns testemunhos. Agradecendo o acolhimento que lhe fizeram disse-lhes que cada um deles “tem uma história que nos fala de dramas de guerra, de conflitos, muitas vezes ligados às políticas internacionais. Mas cada um de vós transporta consigo – sobretudo – uma riqueza humana e religiosa, uma riqueza a ser acolhida, não para ter medo. Muitos de vós são muçulmanos e de outras religiões, vêm de diversos países, de situações diferentes. Não devemos ter medo das diferenças.” E proferiu a palavra certa…
“Solidariedade, esta palavra que faz medo ao mundo desenvolvido. Tentam não dizê-la. Solidariedade é quase um palavrão para eles. Mas é a nossa palavra! Servir significa reconhecer e acolher os pedidos de justiça, de esperança e tentar juntos os caminhos e os percursos concretos de libertação.”
“O acolhimento abre janelas para o futuro” - disse o Papa Francisco que ressaltou “o quanto é bonito” que junto com os jesuítas existam homens e mulheres cristãos, não-crentes e pessoas de outras religiões que trabalham pelo bem comum. “Para nós cristãos isto é a expressão do amor do Pai em Cristo Jesus” – apontou ainda o Santo Padre.
O Papa resumiu então, em três palavras o programa de trabalho dos jesuítas e dos seus colaboradores: servir, acompanhar e defender. E concretizou.
Ao explicar o significado da palavra servir, o Papa disse que significa acolher a pessoa que chega com atenção, curvando-se sobre quem tem necessidade, estendendo-lhe a mão, sem cálculismos, sem temor, com ternura e compreensão, como Jesus inclinou-se e lavou os pés dos apóstolos.
Acompanhar, segundo o Papa Francisco, significa não apenas dar o pão mas ajudar a caminhar aquele que procura ajuda. “ A misericórdia verdadeira aquela que Deus nos dá e nos ensina, pede a justiça, pede que o pobre encontre o caminho para não ser como tal. Pede – e pede a nós Igreja, a nós cidade de Roma e às Instituições – que ninguém deva mais ter necessidade de uma refeição, de um alojamento por sorte, de um serviço de assistência legal, para ter reconhecido o próprio direito a viver e a trabalhar e a ser pessoa em plenitude. Isto é integração” – referiu ainda o Santo Padre.
Quanto ao terceiro conceito – defender – o Papa Francisco considerou que “é importante que o acolhimento do pobre, a promoção da justiça, não seja confiado somente a ‘especialistas’, mas seja uma atenção de toda a pastoral, da formação dos futuros sacerdotes e religiosos, do compromisso normal de todas as paróquias, movimentos e agregações eclesiais. E neste particular dirigiu-se diretamente aos institutos religiosos:
“Caríssimos religiosos e religiosas, os conventos vazios não servem à Igreja para transformar-lhes em albergues e ganhar algum dinheiro. Os conventos vazios não são nossos, são para a carne de Cristo que são os refugiados. O Senhor chama a viver com maior coragem e generosidade o acolhimento nas comunidades e conventos vazios. Certamente que não algo de simples é preciso critério, responsabilidade e preciso também coragem”.
O convite do Santo Padre é o de “superar as tentações da mundanidade espiritual para estarmos próximos dos últimos”. Temos necessidade de comunidades solidárias que vivam o amor de modo concreto – afirmou o Papa Francisco.

Fonte: Rádio Vaticano