quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Moçambique: dimensão missionária e social de um país africano

De férias em Belém (PA), a leiga Raimunda Maria de Oliveira Soares, 56, missionária em Moçambique, África, há cinco anos e meio, concedeu entrevista à Assessoria de Imprensa das Pontifícias Obras Missionárias (POM) e contou como se dá a evangelização em terras africanas.

Raimunda é maranhense do município de Carutapera. Ela faz parte do projeto missionário Além-Fronteiras, desenvolvido pelo Regional Nordeste 5 da CNBB (Maranhão). De acordo com a missionária, a experiência tem dado certo e avançado. "Temos três congregações que assumiram três missões na região. A última foi em Nipepe; as outras são em Metarica na diocese de Lichinga e Mopea na diocese de Quilimane".

Além dela, também integra a comunidade a leiga consagrada Célia Cota e está previsto para março a ida de Elza dos Santos, outra leiga do Amapá, para reforçar a equipe.

Os desafios da missão em Moçambique são diversos, conta Raimunda. Eles estão presentes principalmente no campo social. "Por causa da fome a incidência de doenças é maior em Moçambique e a população sofre com a baixa expectativa de vida em torno de 40 anos (no Brasil é 73,4). Esse é um dos grandes desafios", disse. A entrada de empresas multinacionais é outro problema, segundo a missionária. "A empresa brasileira Vale está construindo um imenso corredor de exploração de minério que vai passar por Cuamba em direção ao porto de Nacala, no norte do país. Ali muitas famílias serão desapropriadas e irão perder o pouco que têm", contou.

Outro projeto tem a parceria do Brasil, Japão e Moçambique. "O projeto Pró-Savana tem o objetivo de plantar soja transgênica e deverá engolir milhares de hectares de terras. A princípio os moçambicanos gostam porque eles irão receber dinheiro, mas a longo prazo eles que irão arcar com as conseqüências", relatou a missionária.

Há também, no entanto, projetos bons, que devem melhorar a vida da população. Como é o caso da construção de rodovias. "Tem um grupo de portugueses e chineses que asfaltam as principais rodovias do país. Os trechos ligarão as províncias de Nampula e Niassa; Nampula a Cuamba e esta a Lichinga, em mais de 500 km de estradas".

No campo missionário, a comunidade brasileira atua na educação numa escola diocesana de Lichinga, na saúde alternativa e na promoção das mulheres ensinando corte e costura, bordado, crochê e numa fábrica de pães da paróquia. No campo pastoral, elas desenvolvem trabalhos com o dízimo, leitura orante da Bíblia, pastoral dos jovens e com a Infância e Adolescência Missionária (IAM).

O trabalho não tem hora. E se necessário, as missionárias atendem as pessoas a qualquer hora do dia ou da noite. Os desafios e diferenças culturais são gritantes, mas Raimunda Maria faz questão de dizer que ama o que faz e pretende continuar em Moçambique. "É muito bom ser missionária. É um trabalho gratificante e por isso renovei minha permanência por mais três anos naquele país. Não sei onde estarei depois disso, porque fiz a opção pela vida missionária, mas se preciso for eu continuarei lá", concluiu.

Fonte: Assessoria de imprensa - POM