terça-feira, 21 de agosto de 2012

Jovens por uma igreja jovem

Em setembro, nos Camarões, o segundo Congresso Pan-Africano do Conselho Pontifício para os Leigos

A capital dos Camarões, Yaoundé, sedia em setembro o segundo congresso pan-africano do laicato católico. O jornal L'Osservatore Romano apresenta o evento, em artigo que reproduzimos.

De 4 a 9 de setembro próximo, em Yaoundé, nos Camarões, acontece o segundo congresso pan-africano do laicato católico, organizado pelo Pontifício Conselho para os Leigos em parceria com a Igreja local e em continuidade com os eventos anteriores realizados em outros continentes, o último dos quais foi realizado em Seul em setembro de 2010. O tema do encontro é Ser testemunhas de Jesus Cristo na África hoje, e seu objetivo é apoiar os fiéis leigos daquelas terras, num momento em que eles são convidados a "aprofundar a vocação cristã", tendo em vista o início do Ano da Fé.

São esperados trezentos delegados das conferências episcopais, associações e movimentos espalhados por toda a África: uma realidade jovem, considerando-se que a faixa etária dos 15 aos 24 anos representa mais de 20% da população africana e que 42% dos habitantes do continente têm menos de 15 anos.

Entre os locais já escolhidos para a celebração do congresso, estão a catedral de Yaoundé e a basílica menor Rainha dos Apóstolos de Mvolyé. Depois de uma análise da situação geopolítica e das prioridades da Igreja no continente, os participantes se questionarão sobre a vocação e sobre a missão dos fiéis, referindo-se à carta magna do apostolado dos leigos, a exortação apostólica Christifideles Laici (1988), para captar a natureza específica da sua vocação num contexto particular, sublinhando a necessidade de uma formação adequada. Outros documentos fundamentais de referência são a encíclica Redemptoris Missio (1990) e as duas exortações apostólicas que se seguiram ao sínodo dos bispos africanos, a Ecclesia in Africa (1995) e a Africae munus (2011).

Quanto à abordagem do contexto eclesial, a ideia-mestra será a da Igreja como Família de Deus. O foco será colocado na corresponsabilidade dos leigos na construção da comunhão. Neste âmbito, será proposta uma reflexão sobre a “era do grupo” e a presença de novos movimentos e comunidades eclesiais no continente. Particular atenção será dada ao compromisso nas muitas áreas da vida pública e em prol da justiça, da paz e da reconciliação, que serão o tema do último dia dos trabalhos.

A África está no coração do pontificado de Bento XVI. Ele fez duas viagens ao continente, ambas ligadas à convocação e ao desenrolar-se da Segunda Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos: Camarões e Angola, de 17 a23 de março de 2009, para a publicação do instrumentum laboris, e Benin, de 18 a 20 de novembro de 2011, para a entrega da exortação apostólica pós-sinodal Africae Munus.

Na visão do papa Ratzinger, o continente africano não é apenas o grande doente do mundo, que sofre com a pobreza extrema de muitos dos seus habitantes, com as guerras travadas em seu território e com as pandemias que matam mais que conflitos armados. Mesmo sem fechar os olhos para estas realidades, Bento XVI vê o continente africano como "o pulmão espiritual da humanidade" e acredita que a sua visão de vida predispõe "a ouvir e receber a mensagem de Cristo e a compreender o mistério da Igreja" (Africae Munus, 69).

A mensagem de Bento XVI é exigente, mas, ao mesmo tempo, libera grandes energias: as dos cristãos da África, a quem ele pede um compromisso a serviço da reconciliação, da justiça e da paz no continente, mas também na Igreja universal. Muitas das prioridades estabelecidas na exortação apostólica se atêm aos leigos, pedindo deles um renovado compromisso com a Igreja e com a sociedade.

O Pontifício Conselho está empenhado no aprofundamento do magistério e na análise dos desafios que os fiéis africanos enfrentam nesta fase da história. Para atingir os objetivos, foi convocado um grupo ad hoc de especialistas que apoiam o dicastério na preparação do evento. Desde dezembro de 2010, também foram envolvidos representantes de associações e movimentos eclesiais do continente.

Fonte: L'Osservatore Romano - Extraído do Zenit