quarta-feira, 16 de maio de 2012

Curso de missiologia ressalta o valor do respeito à diversidade cultural e religiosa

Com o objetivo de capacitar agentes de pastoral para a ação e a animação missionária em suas comunidades, dioceses e projetos além-fronteiras, além de motivar os participantes à causa missionária, através de uma adequada fundamentação bíblica, histórica e teológica, acontece no Centro Cultural Missionário (CCM) em Brasília desde o dia 6 e segue até quinta-feira, 17, o 2º Módulo do Curso de Extensão em Missiologia e Animação Pastoral, para leigos, religiosos, diáconos e presbíteros engajados na animação missionária.

O curso, realizado pelo CCM, em parceria com o Instituto de Filosofia Berthier (Ifibe) de Passo Fundo (RS), reúne quase 30 pessoas de várias regiões do Brasil. O tema deste módulo é “A comunidade em missão”. O professor, mestre em história social, Sérgio Coutinho, abordou o tema “A missão ao longo dos séculos”. Ele falou sobre a história e a visão de missão que a Igreja tem aprendido nesses dois séculos de caminhada, com um resgate dos três modelos missionários que aconteceram no fim do século passado, ainda bastante presentes no Documento de Aparecida (DAp).

O professor Joachim Andrade, mestre em Ciências da Religião e Antropologia Social, abordou o tema “A missão da Igreja e as outras religiões”. Ele realçou a importância de se conhecer a casa do outro mostrando como são as grandes religiões do mundo. Enfatizou que é fundamental haver um diálogo inter-religioso na convivência e enculturação. “Missionário é aquele que vai e, para realizar seu trabalho, precisa adentrar em outras culturas respeitando a manifestação de Deus já presente nessa cultura”, disse ele.
O membro da equipe de trabalho do Conselho Missionário Diocesano (Comidi) da arquidiocese de Curitiba (PR), João de Lima, que participa do curso, concorda com o professor Joachim e aponta a enculturação como um caminho indispensável para o trabalho missionário. “É importante a fala do professor Joachim sobre adentrar culturas, porque ao sair de seu lugar e ir para outros espaços, você precisa saber quem é esse Deus que está presente na cultura, como esse povo se relaciona com Ele. Pode ser estranho para nós, mas para esse povo, esse Deus já se manifestou e tem um significado e importância. Eu não posso fazer um julgamento que esse Deus seja menor”, comentou.

O missionário passsionista, padre João Carlos Pereira, mestre em Ciências da Religião e doutor em Sociologia, foi o responsável pelo tema “A missão de formar novas comunidades”. Ele confrontou a temática desenvolvida pelo padre Joachim, sobre as várias tradições religiosas presentes no mundo, dentre elas o Cristianismo, e como se deve trabalhar a mensagem de Jesus na diversidade religiosa e cultural. Esse foi um ponto desse segundo módulo que marcou profundamente, segundo ele.
“Nós trabalhamos a dimensão missionária das paróquias passando subsídios que possam ajudar os missionários a colocar em prática, nas bases a dimensão missionária tendo como base os três principais documentos da Igreja: DAp, Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), e também o subsídio da Missão Continental. A partir deles estamos estudando a formação de novas comunidades, reestruturação de comunidades antigas nos modelos, nos moldes que nos pedem os documentos da Igreja. Esse foi o propósito desse nosso último módulo: fazer com que as comunidades paroquiais se tornem redes de comunidades que de fato sejam missionárias”. O missionário também falou dos desafios de tornar as comunidades eclesiais mais próximas das pessoas. “O grande obstáculo é que nós ainda temos arraigado um modelo tradicional de Igreja que é centralizador, que concentra a força na mão do padre e suas atividades na Igreja matriz e isso distancia as pessoas. Nós ainda temos muito desse modelo presente na Igreja no Brasil”. E apontou o caminho para fazer mudar esse modelo histórico. “Deve haver um forte empenho dos bispos, dos padres e dos missionários para que aja renovação das paróquias, distribuindo-as em comunidades menores. O ideal é ter métodos teóricos, da formação (ver, julgar e agir) e os métodos espirituais, que é o que nos faz diferente do primeiro e segundo setor da sociedade”.

De acordo com o padre Aluísio da Silva Ramos, da diocese de Nazaré (PE), “a missão de formar novas comunidades passa por caminhos que podem ser trilhados na nova busca que a Igreja está tentando empreitar para o anúncio do Evangelho, respeitando as outras culturas, as outras diversidades religiosas e formando comunidades abertas para a novidade que é Cristo, para nós e para o mundo”. Para ele, o foco na abertura para o mundo e sua diversidade cultural e religiosa é um ponto chave da formação no CCM. “O curso tem despertado em mim o sentimento de ser aberto para a novidade que vem das outras tradições religiosas, do próprio Cristianismo e das outras culturas, sem olhar para essas realidades como ameaçadora, mas como enriquecedora do único projeto de Deus que é vida para todos”.

A irmã Roberta Martins Arias, da Comunidade Missionária Providência Santíssima, que mora em São Paulo (SP), avalia positivamente o curso e diz que vai levar para a prática o que aprendeu aqui ao longo desses onze dias de formação. “Para mim é uma experiência importante para eu levar para as bases e fazer crescer cada vez mais todo o trabalho que temos de comunidade, de missão junto ao povo, às comunidades e paróquias. Como membro de uma comunidade de vida que preza pela missão, trabalha com a missão, é importante conhecer as diversas realidades, maneiras de ser Igreja, de poder fazer com que a Missão aconteça. Portanto, todo o trabalho dos assessores, do CCM, é válido e deve ser mais divulgado e se tornar mais conhecido para se expandir cada vez mais para nossa Igreja”, concluiu.


Fonte: Fúlvio Costa - Assessoria de Imprensa Pontifícias Obras Missionárias - www.pom.org.br