O Pré-Congresso foi assessorado pelo teólogo padre Paulo Suess, que aprofundou o tema: "Discipulado missionário do Brasil para o mundo à luz do Vaticano II e do magistério latino-americano", reflexão que servirá de iluminação para o 3º CMN. Com base em citações bíblicas, pe. Suess destacou traços da identidade de Jesus, tais como: "Eu sou o pão da vida, a luz do mundo, a porta, o bom pastor, a videira, o Caminho, a Verdade e a Vida, a ressurreição e a vida", entre outros. “A própria Fé é um ato de liberdade. Para responder positivamente à missão é necessária a conscientização de que somos responsáveis pelo mundo”.
Para o teólogo, o Ser de Jesus significa gratuidade. O Mestre não é o que tem ou o que representa, mas o que dá em unidade com o Pai. E assim deve ser o discípulo missionário de Cristo. Além disso, é importante lembrar que a partilha do pão nos coloca num contexto pascal e eucarístico. Jesus é o Pão que desceu do céu e se entregou por nós. O caminho da missão é a descida do céu e a subida de Jerusalém. “Deus se faz pequeno e assim devemos ser nós”, afirma.
“Jesus não foi pedreiro para levantar muros, foi carpinteiro para construir portas e janelas. O que significa isso? Abrir olhos, corações. Para aceitar o convite salvífico de Cristo é necessário que saibamos abrir as portas, em permanente busca de conformidade com a missão do Mestre. Prioridade absoluta dessa missão é gerar vida, não com meios sofisticados. É Cristo que se deixa abater pela vida das ovelhas. O ser é um dom, é doar-se, fazer-se presente”, destacou Paulo Suess.
Supermercado religioso
As estatísticas sobre o número dos cristãos foi outra questão levantada por Suess. "Por ocasião do Dia Mundial das Missões e do nascimento do habitante que completou o número mágico dos 7 bilhões no planeta, no dia 31 de outubro, foram ouvidos lamentos da Congregação pela Evangelização dos Povos sobre os 5 bilhões de pessoas que ainda não conhecem Jesus Cristo", observou. Esta preocupação com o número de cristãos, segundo o teólogo, "é utilizada como pretexto para reforçar uma ação missionária que por vezes se aproxima ao fundamentalismo, numa Igreja que mal consegue segurar os que já conhecem Jesus".
Por fim, o assessor refletiu especificamente sobre a Missão "Do Brasil para o mundo". O Vaticano II marca universalmente uma reestruturação da consciência eclesial. "Como configurar, a partir do Brasil, o dom da fé para o mundo dividido por desigualdades sociais e pelo não reconhecimento do outro?", questionou, para em seguida afirmar: "Não é por causa de nossa grandeza e riqueza que somos maiores que todos os outros, ou vamos ser uma graça para o mundo. Como discípulos missionários daquele que se fez tão pequeno que coube no presépio, a relevância do Brasil para o mundo não está na sua potencialidade assustadora, mas na sua pequenez e fraqueza: ‘Quando sou fraco, então é que sou forte'" (2 Co 12,10).
Rumo ao 3º Congresso Missionário Nacional
No período da tarde, a secretária executiva do Comire, Aparecida Severo, fez um breve histórico sobre os Congressos Missionários anteriores e exaltou sua importância. Também foram passados os informes sobre a ida ao 3º CMN, em Palmas-TO, preços de passagens, hospedagem, entre outros.
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| Dom Vicente |
Fotos: Pedro Facci
