Na homilia, Bento XVI refletiu sobre “o sinal litúrgico das cinzas”, observando que se trata de “um daqueles sinais materiais que transportam o cosmos para o interior da Liturgia”, a começar pelos sinais dos Sacramentos: a água, o óleo, o pão e o vinho, que se tornam verdadeira e própria matéria sacramental, instrumento através do qual se comunica a graça de Deus que chega até nós”. Embora não sejam um sinal sacramental, as cinzas encontram-se ainda assim ligadas à oração e à santificação do Povo cristão, com uma bênção apropriada e a imposição (das cinzas) sobre a cabeça de cada um.
Comentando a expressão do capítulo terceiro do Livro do Génesis – “Lembra-te que és pó e ao pó tornarás”, palavras que concluem o juízo pronunciado por Deus depois do pecado original, observou o Papa:
“o sinal da cinza conduz-nos ao grande fresco da criação, onde se diz que o ser humano é uma singular unidade de matéria e de sopro divino, através da imagem do pó da terra plasmado por Deus e animado pelo seu respiro insuflado nas narinas da nova criatura”.
Só depois do pecado é que o símbolo do pó assume uma conotação negativa – fez notar Bento XVI:
“O pó da terra deixa de evocar o gesto criador de Deus, todo aberto à vida, para se tornar sinal de um inexorável destino de morte: ‘Tu és pó e ao pó voltarás’.”
No texto bíblico, a terra participa da sorte do homem. E, se o homem e a mulher não são diretamente amaldiçoados (como o foi a serpente), o facto é que, devido ao pecado de Adão, é amaldiçoado o solo (a terra) de onde ele tinha sido tirado. Em todo o caso – assegurou Bento XVI – a maldição do solo tem uma função medicinal.
Por outras palavras: a intenção de Deus, sempre benéfica, é mais profunda do que a sua própria maldição, a qual se deve ao pecado, não a Deus. Deus não pode deixar de a infligir, porque respeita a liberdade do homem e as suas consequências. No interior da maldição permanece uma intenção boa, que vem de Deus.
Quando Deus diz ao homem – És pó e ao pó voltarás – juntamente com a justa punição entende também anunciar uma via de salvação, que passará precisamente através da terra, através daquele pó, daquela carne que será assumida pelo Verbo…
“É nesta perspetiva salvífica que a palavra do Génesis é retomada pela Liturgia da Quarta-feira de Cinzas: como convite à penitência, à humildade, a ter presente a própria condição mortal. Não para levar ao desespero, mas antes para acolher, precisamente nesta nossa mortalidade, a impensável proximidade de Deus, que, para além da morte, abre a passagem para a ressurreição, para o paraíso finalmente reencontrado”.
Comentando a expressão do capítulo terceiro do Livro do Génesis – “Lembra-te que és pó e ao pó tornarás”, palavras que concluem o juízo pronunciado por Deus depois do pecado original, observou o Papa:
“o sinal da cinza conduz-nos ao grande fresco da criação, onde se diz que o ser humano é uma singular unidade de matéria e de sopro divino, através da imagem do pó da terra plasmado por Deus e animado pelo seu respiro insuflado nas narinas da nova criatura”.
Só depois do pecado é que o símbolo do pó assume uma conotação negativa – fez notar Bento XVI:
“O pó da terra deixa de evocar o gesto criador de Deus, todo aberto à vida, para se tornar sinal de um inexorável destino de morte: ‘Tu és pó e ao pó voltarás’.”
No texto bíblico, a terra participa da sorte do homem. E, se o homem e a mulher não são diretamente amaldiçoados (como o foi a serpente), o facto é que, devido ao pecado de Adão, é amaldiçoado o solo (a terra) de onde ele tinha sido tirado. Em todo o caso – assegurou Bento XVI – a maldição do solo tem uma função medicinal.
Por outras palavras: a intenção de Deus, sempre benéfica, é mais profunda do que a sua própria maldição, a qual se deve ao pecado, não a Deus. Deus não pode deixar de a infligir, porque respeita a liberdade do homem e as suas consequências. No interior da maldição permanece uma intenção boa, que vem de Deus.
Quando Deus diz ao homem – És pó e ao pó voltarás – juntamente com a justa punição entende também anunciar uma via de salvação, que passará precisamente através da terra, através daquele pó, daquela carne que será assumida pelo Verbo…
“É nesta perspetiva salvífica que a palavra do Génesis é retomada pela Liturgia da Quarta-feira de Cinzas: como convite à penitência, à humildade, a ter presente a própria condição mortal. Não para levar ao desespero, mas antes para acolher, precisamente nesta nossa mortalidade, a impensável proximidade de Deus, que, para além da morte, abre a passagem para a ressurreição, para o paraíso finalmente reencontrado”.
Fonte: Rádio Vaticano