quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Caso Tentorio: o homem preso não é o assassino, mas cita um político e o chefe de polícia como supostos mandantes

Jimmy Ato, o homem preso pela polícia e acusado de matar o missionário Pe. Fausto Tentorio em 17 de outubro, em Arakan, na ilha de Mindanao, negou ser o assassino, mas indicou os supostos mandantes do crime: segundo Ato, seria um político local, William Buenaflor, candidato para a Prefeitura de Arakan, e o inspetor Benjamin Rioflorido, chefe da polícia de Arakan. Como referem fontes locais de Fides, Ato, 35 anos, disse aos agentes do National Bureau of Investigation (NBI) que não atirou no sacerdote, mas de ter participado do plano de execução. Ato foi levado para Cagayan de Oro, onde assinou uma declaração de quatro páginas, contando sua versão dos fatos e se disponibilizando a colaborar com os investigadores. Na declaração, cuja Fides obteve informação, Ato indica os irmãos Joe e Dima Sampolna, residentes em Culaman, os assassinos de Pe. Tentorio.

O homem cita ainda William Buenaflor, político que se candidatou à prefeito (e não eleito) nas últimas eleições em Arakan, e o inspetor Benjamin Rioflorido, chefe da polícia de Arakan, como mandantes do delito, sem porém explicar os possíveis motivos para o envolvimento deles. Ato afirma ter recebido 1.500 pesos por seu trabalho de "vingança" e de ter recebido ameaças de morte para manter o silêncio sobre o caso. Por fim, refere ter participado da reunião para elaborar o plano do delito, realizada na casa de Buenaflor um dia antes do homicídio.

Os investigadores, notam fontes da Fides, estão agora tentando verificar os fatos contados por Ato. O vice-diretor do NBI, Virgilio Mendez, declarou que Ato poderia ajudar a identificar “executores e mandantes”. Os dois homens chamados em causa como supostos mandantes, segundo as primeiras reações, negam qualquer responsabilidade e denunciam uma tentativa de “despistar”. Rioflorido renunciou ao seu cargo.

Segundo pe. Jun Mercado, missionário OMI de Cotabato e docente no "Institute for Autonomy and Governance" na Universidade "Notre Dame" de Cotabato, as motivações para o delito do pe. Tentorio vão em três direções: "O missionário - nota a Fides pe. Mercado – trabalhava para a promoção e a auto-organização das comunidades autóctones, sobretudo no campo do domínio ancestral da terra. Esta era uma ameaça para as companhias agrícolas latifundiárias de Arakan. Em segundo lugar, esta obra poderia incomodar também as empresas minerárias na área de Columbio. Terceiro ponto, formar a consciência e promover os direitos da população local e pobre vai de encontro às posições dominantes de quem detém o poder político”. Pe. Mercado acrescenta que “os grupos paramilitares podem estar envolvidos enquanto recrutados por empresas ou políticos, para fazer seus interesses".

Fonte: Agência Fides
Local: Cotabato