segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Jovens se mobilizam em atividade autogestionada contra os assassinatos da juventude negra

A atividade autogestionada, inicialmente promovida por representantes de comunidades de terreiro, tomou a cena do início da noite de sábado (10) no Pavilhão de Exposição do Parque da Cidade, em Brasília (DF), onde está sendo realizada a 2ª Conferência Nacional de Juventude. O que começou de forma até mesmo tímida, com cerca de cinco pessoas, logo ganhou proporções maiores e extrapolou a dimensão antes imaginada pelo grupo.

O toque dos atabaques chamou a atenção dos/as jovens que passavam por perto e, logo, o pequeno grupo, que dançava e cantava músicas relacionadas ao Candomblé e à cultura negra, aumentou. Em pouco tempo, o objetivo da atividade foi alcançado, já que, segundo William de Oxalá, representante de povos e comunidades tradicionais pelo Distrito Federal, a ideia era a "disseminação da cultura”.

Com o cântico e os batuques cada vez mais fortes e animados, mais jovens se aproximaram e entraram na roda. E mais uma vez a atividade surpreendeu: o que começou como celebração se transformou em ato de protesto. Representantes e apoiadores da juventude negra e da Campanha Nacional contra a violência e o extermínio de jovens resolveram se deitar no chão para ter seus corpos contornados com fitas adesivas coloridas. Eles representaram os milhares de jovens negros que são assassinados no país.

"É um ato espontâneo, [sobre a questão] que é compartilhada com a PJ [Pastoral da Juventude], que é o extermínio de jovens negros. E a gente ainda tem a questão de que muitos jovens são assassinados porque são negros e são de comunidades de terreiro. O ato tá perfeito!”, comentou William enquanto tirava fotos do momento.

Na ocasião, os jovens pediram aos participantes para pensar em ações imediatas para reduzir as mortes evitáveis da juventude negra no país, além da implementação do Plano Nacional contra o Extermínio da Juventude Negra.

Após três minutos de silêncio em prol de novas ações para a juventude negra brasileira, os jovens se levantaram e começaram a cantar para celebrar a vida. "Não teme a luta, não teme a morte. Povo negro unido é povo negro forte”, gritaram.

Comunidades de terreiro

De acordo com William, as comunidades de terreiro estão representadas na 2ª Conferência Nacional de Juventude por cerca de 60 jovens de todo o país. Eles estão em Brasília para mostrar que a cultura existe. "Quando o ele [jovem] ocupa esse espaço, ele fala alguma coisa por meio disso. Então, a fala das comunidades de terreiro, das comunidades tradicionais, que tem uma cultura própria, também é a fala dos jovens”, ressaltou.

William de Oxalá ainda ressaltou a importância de se respeitar as comunidades tradicionais como um todo, incluindo indígenas e quilombolas. "[A juventude demanda] não só o combate à discriminação, mas também pede que a cultura seja respeitada”, comenta. "Mostrar a cultura afrobrasileira e africana sem querer entrar em conflito com nada, sem forçar a barra, com apelo ao respeito”, completou.



Fonte: Karol Assunção e Tatiana Félix - Adital