terça-feira, 6 de setembro de 2011

Fome na Somália agrava-se nos próximos quatro meses

Mulheres e crianças aglomeram-se, para receber ajuda humanitária, no campo de Ala Yaasir. É mais uma região da Somália afetada pela fome e a situação vai agravar-se nos próximos quatro meses

"Se o nível atual de resposta [à crise humanitária] continuar, a fome continuará a progredir nos próximos quatro meses", avisou num comunicado a Unidade de Análises da ONU para a Segurança Alimentar e a Nutrição (FSNAU). O limite da fome foi superado, face à desnutrição aguda e ao índice de mortalidade registado na região de Bay, sul da Somália, em consequência de uma seca devastadora no Corno de África, sublinhou a ONU. "Quatro milhões de pessoas estão em situação crítica na Somália, das quais 750 mil correm o risco de morrer nos próximos quatro meses na ausência de uma resposta adequada em termos de envio de ajuda", lê-se no texto. "Dezenas de milhares de pessoas já morreram, sendo que mais da metade eram crianças".

A situação de fome corresponde a uma definição estabelecida pelas Nações Unidas. Dá-se nos casos em que, pelo menos, 20 por cento das famílias de uma região estão confrontadas com uma grave penúria alimentar e 30 por cento da população sofre de desnutrição aguda, aliada a uma taxa de mortalidade diária de duas pessoas em cada 10 mil.

Última a ser declarada em situação de fome pela ONU, a região de Bay é controlada pelos rebeldes islâmicos shebab, assim como uma grande parte do sul e do centro da Somália. Inclui sobretudo a cidade de Baidoa, uma das principais do país. Segundo a ONU, 12,4 milhões de pessoas residentes no Corno de África enfrentam a pior seca desde há décadas, e precisam de ajuda humanitária. A Somália é o país mais afectado, em consequência da guerra civil iniciada em 1991, que destruiu boa parte das infra-estruturas, com um acesso muito difícil ao centro e ao sul do país.


Fonte: www.fatimamissionaria.pt - Elísio Assunção