segunda-feira, 25 de julho de 2011

Igreja e ONGs no campo para salvar Wilfrida, jovem católica que corre risco de pena de morte

Uma jovem católica indonésia, Wilfrida Soik, está presa em um cárcere malês, acusada de assassinar a sua patroa, e corre o risco de ser condenada à morte. Em sua defesa, mobilizaram-se algumas organizações não-governamentais na Indonésia e na Malásia, além da Igreja indonésia em Atambua (Diocese na área ocidental da ilha de Timor, área de origem da jovem). O caso apresenta muitas ambiguidades e necessita de esclarecimentos em todos os níveis. Wilfrida é uma jovem deficiente mental, vítima de traficantes de seres humanos. É que informam à Fides fontes da Igreja indonésia e da “Coalizão contra a Pena de Morte” na Indonésia, que está tentando indagar sobre o caso, tutelar os direitos de Wilfida e evitar que seja executada.
A Igreja católica de Atambua, através do Bispo Dom Datu Serik, assinalou o caso à “Comissão para os Direitos Humanos” da Indonésia e está se esforçando em encontrar o caminho justo para pedir a graça para Wilfrida, para que possa retornar à sua casa. Sua história, relatada à Fides, é um caso de pobreza, marginalização e exploração. Wilfrida provém de uma família muito pobre. Nascida em 1993 na província de Belu (província de Nusa Tenggara oriental), aos dois anos, a menina começou a manifestar problemas mentais. No ano passado, foi avizinhada por dois homens que, através da Agência do Ministério do Trabalho de Belu, lhe ofereceram um emprego na Malásia. 

Para expatriá-la, os homens falsificaram seus documentos, de modo que constasse que ela fosse maior de idade. Com efeito, Wilfrida foi vítima de uma organização que trafica seres humanos, principalmente mulheres. Ao chegar à Malásia, Wilfrida foi assumida como doméstica na cidade de Pasir Mas (nas redondezas de Johor), na casa de uma senhora idosa, Yeap Seok Pen, doente, por sua vez, de mal de Parkinson. A senhora foi encontrada morta em 7 de dezembro de 2010 e Wilfrida foi acusada de assassinato, e presa. Em 9 de maio passado, o tribunal de Pasir realizou uma audiência para verificar se a jovem era culpada, mas, como informam fontes da Fides, “o resultado não é muito claro, nem existem provas contra a jovem”. O certo é que a jovem corre o risco de ser condenada à morte. A Coalizão contra a Pena de morte na Indonésia, que reúne numerosas associações, entre as quais a Comunidade de Santo Egídio, escreveu ao Ministério do Exterior Indonésio e a Embaixada indonésia na Malásia se encarregou do caso. O Presidente indonésio Susilo Bambang Yudhoyono instituiu recentemente a "Indonesian Migrant Workers Task Force", para abordar os casos difíceis de trabalhadores migrantes condenados à pena capital no exterior.
 
Charles Hector Fernandez, advogado católico de Kuala Lumpur, responsável da associação "Malaysians Against Death Penalty and Torture" (MADPET), declara à Agência Fides: “Tentaremos divulgar o caso de Wilfrida e fazer o que for possível para ajudá-la”. Ele explica: “Segundo a lei indonésia, em caso de homicídio, o juiz é obrigado a aplicar a pena capital. É um dos temas nos quais estamos nos concentrando, pedindo a revisão da norma a fim de que o juiz possa optar se com base nos atenuantes, pode transformar a sentença em prisão perpétua”.

“Na Malásia – prossegue – há mais de 640 detentos à espera de serem executados. As execuções prosseguem; não existe moratória, mas foram reduzidas ao ponto de terem sido feitas somente 2 em 2010. Ao que parece, o governo está propenso a reexaminar a questão da pena de morte, pelo menos para removê-la para alguns crimes e retirar a obrigatoriedade para os juízes. Seria um passo adiante, mesmo que nós gostaríamos da completa abolição. Para este fim, são importantes as pressões internacionais, que podem ajudar muito”. 

Fonte: Agência Fides
Local: Kuala Lumpur - Malásia