terça-feira, 27 de julho de 2010

Uganda: A luta contra o terrorismo, a situação na Somália e no Sudão no centro da Cúpula da União Africana

“Caçamos os terroristas da África” - declarou no domingo, 25 de julho, na abertura do 15ª Cúpula dos Chefes de Estado da União Africana, o Presidente ugandense Yoweri Museveni. A Cúpula, que acontece na capital ugandense, Kampala, é dedicada à saúde materna e infantil e ao desenvolvimento na África, mas o atentado duplo atribuído aos extremistas islâmicos somalis de 11 de julho (que causou 76 mortes e centenas de feridos, ver Fides de 16 julho de 2010), marcou uma reviravolta na agenda da Reunião.

O conflito civil na Somália, com efeito, é um dos principais temas abordados pelos representantes dos Estados africanos. Na sua reivindicação pelo atentado duplo, os Shabab (o grupo islâmico somali que luta contra o governo de transição somali reconhecido pela comunidade internacional), afirmaram que esta ação sanguinária era uma represália pela participação dos soldados ugandenses na AMISOM, a missão militar da União Africana que apóia as tropas governamentais somalis.
 
Os atentados de Kampala (ocorridos na época da final da Copa do Mundo de futebol in África do Sul) são considerados como as primeiras ações realizadas pelos Shabab fora da Somália.
 
A União Africana decidiu fortalecer a AMISOM (que é composta atualmente por mais de 6 mil soldados ugandenses e burundineses) graças à disponibilidade da Guiné e de Gibuti de enviar mais 2 mil militares, elevando a força africana a 8.100 soldados.
 
Um outro tema central na Cúpula é a situação sudanesa, tendo em vista a nova ordem de prisão emitido pela Corte Penal Internacional (CPI) de Haia ao Presidente Omar El-Bashir, com a acusação de genocídio na guerra de Darfur. Anteriormente, a CPI havia emitido uma ordem de prisão a Bashir por crimes de guerra. Bashir não permaneceu em Kampala, um fato, assinalam os observadores locais, em consequência não somente do temor de uma possível prisão, mas principalmente pelas tensões entre Uganda e Sudão. O Presidente de turno da UA, o Presidente de Malauí, Bingu wa Mutharika, criticou as duas ordens de prisão para o Presidente sudanês. “Emitir uma ordem de prisão contra o Chefe de um Estado soberano significa desestabilizar a paz e a segurança na África, objetivos pelos quais temos lutado há tantos anos” disse Bingu wa Mutharika.
 
O Sudão, além disso, vive um momento delicado, na expectativa do referendo para a independência do sul do Sudão que acontecerá em janeiro de 2011.

Fonte: Agência Fides
Local: Kampala - Uganda