Dom Vegliò inaugura o Encontro de Diretores Nacionais desta pastoral
Por Roberta Sciamplicotti
Favorecer “uma maior participação na vida e na riqueza da Igreja” por parte dos ciganos e vice-versa; “torná-la mais presente no meio deles”.
Favorecer “uma maior participação na vida e na riqueza da Igreja” por parte dos ciganos e vice-versa; “torná-la mais presente no meio deles”.
Este é o objetivo do Encontro de Diretores Nacional da Pastoral dos Ciganos na Europa, que começou hoje no Vaticano e terminará no dia 4 de março.
O evento está organizado pelo Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes.
O presidente do dicastério, Dom Antonio Maria Vegliò, inaugurou o evento com uma intervenção sobre o tema “preocupação da Igreja pelos ciganos: situação e perspectivas”.
Nova eclesiologia
O prelado destacou que uma “renovada eclesiologia” nasceu do Concílio Vaticano II.
Neste sentido, recordou três acontecimentos: a histórica visita de Paulo VI ao acampamento de ciganos de Pomezia, em 26 de setembro de 1965; o pedido de perdão de João Paulo II, no dia 12 de março de 2000, pelas culpas cometidas pelos filhos da Igreja no passado; e a canonização do mártir cigano espanhol Ceferino Giménez Malla, em 7 de maior de 1997, através da qual a Igreja reconhecia em sua etnia a possibilidade da santidade.
Exame de consciência
A herança do Concílio Vaticano II e do magistério pontifício, explicou Dom Vegliò, exige “um exame de consciência sobre nossa fidelidade à vocação e à missão da Igreja, que é de todos, especialmente dos pobres”.
Isso “nos obriga a analisar nossa capacidade de ser acolhedores, pessoas que escutam, servidores com o dever de condenar toda forma de discriminação e de intolerância, de violação dos direitos e de desprezo pela dignidade humana”.
Hoje, segundo reconhece o presidente do dicastério vaticano, “os ciganos já não estão sozinhos, como no passado”.
O prelado destacou as diversas iniciativas surgidas a favor dos ciganos, especialmente as propostas de colaboração cultural internacional e de inclusão social.
No entanto, denunciou, muitos ciganos, “infelizmente, ainda estão excluídos desses benefícios”.
“Além disso, fenômenos de racismo, xenofobia e ódios aos ciganos frequentemente obstaculizam uma pacífica, humana e democrática convivência”, constatou.
Recordou também que os ciganos “devem assumir os deveres próprios de todos os cidadãos do país em que se encontram”.
Cultura e comunhão
“A reconciliação, a busca de compreensão nas situações concretas da vida, o esforço comum para respeitar e observar as regras e normas de coordenação e de integração fechadas e reafirmadas nos consensos internacionais, são princípios válidos nas relações Igreja-ciganos e ciganos-sociedade civil na Europa de hoje, em fase de transformação e crescimento.”
O prelado espera que as transformações em curso “contribuam para deter os fenômenos e atos de racismo, contrários aos ciganos, e de discriminação, e criem uma nova ‘consciência europeia’ que permita a Rom, Sinti e outros grupos nômades reafirmar-se em sua própria identidade e diversidade cultural, na perspectiva de uma inserção civil nos respectivos países”.
Vegliò concluiu sua intervenção destacando a necessidade de “levar aos nossos irmãos e irmãs ciganos esta mensagem: também nós, hoje, como uma vez Paulo VI, pedimos, do ponto de vista pastoral, que aceitem a materna amizade da Igreja”.
Atualmente, existem cerca de 36 milhões de ciganos no mundo, 50% dos quais vivem na Índia. Na Europa, há cerca de 10 milhões, espalhados por todo o Leste europeu. Na Itália, eles representam 0,16% da população.
Fonte: Zenit