quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Via sacra dos missionários no Haiti

As Pontifícias Obras Missionárias (POM), a agência Fides e outros organismos religiosos comunicaram a situação dos missionários que moram no Haiti. Algumas congregações sofreram perda de vidas humanas, ainda que a maioria só teve danos materiais.

O sacerdote jesuíta Ramiro Pàmpols comunicou às POM: "Por enquanto, estamos submersos em uma espécie de caos e beco sem saída. Veremos como vamos nos refazer nos próximos dias. O Senhor ama especialmente os pobres e tenho certeza de que Ele nos acompanha, ainda no mistério do mal e da dor".

A Congregação do Espírito Santo, via e-mail, recebeu notícias de que parte do colégio de São Marcial e a capela foram destruídos pelo terremoto: "Não sabemos se houve perdas de vidas humanas entre os haitianos ou dos nossos missionários que trabalham lá".

Também os franciscanos, através do ministro provincial da América Central, comunicam: "Todos eles - 16 irmãos distribuídos em 3 fraternidades - estão vivos. Uma das casas ficou muito danificada e precisará ser reconstruída. Os irmãos precisam da nossa solidariedade para garantir ajuda sanitária à população no dispensário em que trabalham".

No entanto, um sacerdote argentino da Ordem Franciscana que trabalhava como missionário no Haiti há dois anos está entre os desaparecidos pelo terremoto, segundo informou seu irmão a uma emissora local. A família de Antonio Mancuello, de 57 anos, não soube nada dele desde que o desastre ocorreu, segundo explicou seu irmão Martín ao canal de notícias argentino C5N.

Os Xaverianos, que têm vários centros no Haiti, informaram que nenhum dos seus irmãos faleceu no terremoto, mas alguns dos edifícios sofreram danos. No mosteiro beneditino de Morne Saint-Benoît também não houve falecidos e o edifício aguentou o terremoto.

O sacerdote salesiano Attilio Stra, um dos sobreviventes, indicou via e-mail que os mais de 200 alunos (algumas fontes falam de 500) do destruído Colégio de Dom Bosco, em Porto Príncipe, "devem ser considerados como mortos, junto a outros da equipe leiga". A sala de imprensa dos salesianos informou que o padre Stra disse que o terremoto "acabou com a obra de São João Bosco de Porto Príncipe e com as pequenas escolas do padre Bonhem confiadas aos salesianos".

Os salesianos informaram também que no dia 15 de janeiro celebraram o funeral de dois estudantes de filosofia, Atsime Wilfrid e Vibrun Valsaint, mortos com a destruição do Instituto São Francisco de Sales, em Fleuriot-Tabarre, Porto Príncipe.

A agência Fides recebeu a notícias de que "os 5 seminaristas camilianos voltaram à nossa casa, estão bem e já estão trabalhando no nosso hospital", segundo informou o superior da comunidade camiliana de Porto Príncipe, Pe. Crescenzo Mazzella.

Segundo afirma o Pe. Joaquín Paulo Cipriano, todas as crianças que frequentam a escola camiliana estão vivas e a estrutura resistiu aos movimentos.

A cúria geral dos jesuítas enviou a Fides a carta do Pe. François Kawas, delegado do padre provincial. Em conjunto, as casas e obras dos jesuítas foram atingidas menos que as demais e todos os religiosos sobreviveram e estão bem, exceto o Pe. Dérino Sainfariste, ferido durante a queda de um edifício.

Os Missionários Oblatos de Maria Imaculada contam com cerca de 130 membros - dos quais 2 são bispos -, a maioria composta por haitianos. A casa provincial ficou seriamente danificada e a nova construção desabou. O centro de teologia foi destruído, mas os estudantes e formadores se salvaram. Um dos estudantes que estava no Centro de Estudos para Religiosos, Cifor, participando de uma conferência, faleceu quando o edifício caiu; trata-se de Weedy Alexis, de 28 anos.

A Congregação das Missionárias da Imaculada Conceição (MIC), presentes no Haiti com 49 religiosas, sofreu muito. Sor Louise Denis, superiora general, declarou a Fides: "Consegui falar com nossas irmãs um dia depois do terremoto e, graças a Deus, estão todas bem. Infelizmente, os danos aos edifícios são enormes. As irmãs estão acampando fora, por medo de um desmoronamento".

As Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) contam com 6 comunidades, algumas das quais sofreram sérios danos. Uma jovem religiosa está ferida em um hospital.

Segundo as informações enviadas a Fides pelo Pe. Alfio, da secretaria provincial dos Missionários Monfortinos, 9 seminaristas morreram e se teme pelo destino de um sacerdote, o Pe. Jean Baptiste. Ele provavelmente foi esmagado por blocos de cimento da casa de acolhida de Baussan, que desmoronou enquanto ele tentava sair.

Os 9 seminaristas, 8 teólogos e outros seminaristas que chegaram recentemente ao Peru participavam de uma conferência no CIFOR (Instituto de estudos para religiosos e religiosas), quando a estrutura desmoronou sobre o ônibus que ocupavam quando estavam para deixar o local. Foram esmagados pelas lajes de concreto e foi impossível interferir.

Três religiosas da Congregação das Filhas da Sabedoria, da família Monfortina, morreram na casa que ocupavam, que desmoronou com o terremoto: irmã Marie-Flore de St Cyrille, irmã Marguerite du Calvaire e irmã Christine-Marie de Monfort (francesas, em missão há mais de 40 anos). As três foram sepultadas em 15 de janeiro. Outras três irmãs permanecem sob os escombros da mesma casa, e há poucas possibilidades de que venham a ser encontradas com vida.

O padre Joseph P. Dorcey, secretário-geral da Congregação dos Redentoristas, enviou à agencia Fides um comunicado. Segundo informou o Pe. Mario Boies, superior provincial, "nenhum redentorista morreu no terremoto. Todos estão vivos. Um redentorista está levemente ferido. Outro perdeu a mãe e uma irmã. A igreja de São Geraldo, de Porto Príncipe, foi reduzida a escombros. A parte nova da casa dos estudantes foi destruída e os estudantes estão acampados no jardim. Sua reconstrução custará cerca de 2 milhões de dólares".

O secretário-geral dos padres dominicanos, acompanhado pelo padre Manuel Rivero, vigário do Haiti, contatou Fides recentemente. Disse que no país trabalham 7 dominicanos e todos estão vivos. A Família Dominicana conta também com a presença das Irmãs de Caridade Dominicanas da Apresentação da Santíssima Virgem, que têm 2 casas no Haiti. Uma das irmãs ficou ferida, mas as demais conseguiram se salvar do terremoto, que destruiu completamente uma de suas casas.

O padre Manuel Rivero contou que, no dia 15 de janeiro, conseguiram resgatar dos escombros o corpo de um dos estudantes da escola administrada pelos dominicanos e transportá-lo a pé, porque as ruas estão completamente bloqueadas. Muitos outros sobreviventes foram acolhidos na casa das Irmãs de Cluny, que resistiu ao terremoto.

Fonte: Zenit

Local: Haiti