terça-feira, 15 de dezembro de 2009

102 anos de Oscar Niemayer

Novo olhar 'prolonga' centenário de Niemeyer


Nasceu como um concurso 'online' em 2007, ano em que Oscar Niemeyer comemorou o centenário.
'Olhar/Look At Niemeyer' é hoje apresentado

No dia em que o arquitecto Oscar Niemeyer faz 102 anos, o livro Olhar/Look At Niemeyer, que reúne 300 fotografias recolhidas num concurso online, será lançado a propósito do centenário do génio brasileiro.

Ao DN, o coordenador do projecto, Carlos Oliveira Santos, autor de um estudo sobre a obra do carioca em 2001, disse ter sido surpreendido com a participação no referido concurso. "Na primeira reunião com a Comissão para as Comemorações dos 100 Anos de Oscar Niemeyer - Portugal, eu expliquei que poderia ser difícil ter mais do que 50 participações. Pois bem, acabámos por ter mil e cinquenta, o que mostra bem o impacto que a obra dele consegue atingir", lembra.

A transversalidade na arquitectura de Niemeyer revela-se, por exemplo, no interesse que gerações díspares demonstram. Raphael Iruzun Martins tem 15 anos, nasceu em Londres, filho de pais brasileiros e a sua paixão é a arquitectura. Em Olhar/Look At Niemeyer escreve um texto em que declara a paixão pelo arquitecto seu conterrâneo. "Oscar Niemeyer foi um dos que mais me inspirou e assim será no futuro", lê-se. Hoje, o adolescente vencedor dos School Energy Awards estará na sala Jorge de Sena, do Centro Cultural de Belém, para a apresentação do livro, marcada para as 21.00. Carlos Oliveira Santos espera da noite de hoje "uma grande festa com muitas pessoas que admiram Oscar Niemeyer". A cerimónia irá contar também com representantes da embaixada do Brasil.



Quem também contribui para Olhar/Look At Niemeyer é o arquitecto português Álvaro Siza Vieira, a quem Niemeyer trata por "rapaz", revela Carlos Oliveira Santos. "O Álvaro fica todo contente", revela ainda o coordenador deste projecto. Siza Vieira assina um desenho inédito e escreve ainda três textos. "A arquitectura de Niemeyer respira naturalidade e intemporalidade, superando as noções estereotipadas de tradição e modernidade. A construção faz natureza", lê-se sobre a Casa em Canoas, onde vive no Rio de Janeiro.

Para além da dimensão artística, Oliveira Santos, que com ele contacta desde 2001, releva "a dimensão humana profundíssima" que vem da "tradição do humanismo comunista". Já a longevidade explica-se "pela magia da condição humana". E quanto à importância da obra de Niemeyer, Oliveira Santos lembra que "ele rompeu com o racionalismo da geometria dos anos 30/40" e que "essa atitude continua a influenciar muitas gerações". Ainda na semana passada, Niemeyer lançou a nova revista O Meu Caminho.



Fonte: DN Artes - Davide Pinheiro