terça-feira, 12 de abril de 2011

Cabo Verde: Novo bispo do Mindelo dá prioridade à família, juventude, pobreza, mobilidade e cultura

Família, juventude, mobilidade, pobreza e cultura constituem as prioridades do novo bispo de Mindelo, Ildo Fortes, que tomou posse este domingo em celebração realizada na ilha de São Vicente, sede daquela diocese cabo-verdiana.

"Trago no meu coração, de maneira muito especial, a preocupação e o cuidado das famílias", afirmou o prelado na homilia a que a Agência ECCLESIA teve acesso, na qual também salientou a aposta na juventude: "Durante muito tempo a minha pastoral foi feita no meio dos jovens. Foi assim que comecei a ser padre".

A realidade social, marcada pelos "grandes problemas que afligem a sociedade", é também um setor primordial para Ildo Fortes, de 46 anos: "Uma Igreja que não esteja atenta aos problemas, dificuldades e carências dos homens de hoje não presta um bom serviço", vincou o prelado, que recordou a "opção preferencial pelos pobres".

Referindo-se à principal leitura bíblica da missa a que presidiu, onde se relata que Jesus deu vida a um morto, o bispo do Mindelo afirmou que a sociedade civil é, "às vezes", semelhante a um defunto "que já cheira mal", e onde parece "não haver "mais razões para a esperança".

Ildo Fortes aposta também na pastoral da mobilidade, associada ao turismo e às deslocações entre as cinco ilhas da diocese, ao mesmo tempo que defende uma Igreja "ao serviço da cultura".

O bispo formado no Patriarcado de Lisboa quer uma Igreja aberta à colaboração com outras instituições, que "não se feche sobre si mesma e seja capaz de dialogar com todos", independentemente das suas "confissões, sensibilidades e ideias".

Na homilia, Ildo Fortes anunciou que se avista hoje com os padres da diocese criada em 2003 pelo Papa João Paulo II, reunião que será seguida de outras com religiosos e fiéis "chamados a uma maior participação".

"Não entendo o ministério de um bispo na Igreja como alguém que, isoladamente, vai traçando e ditando rumos e caminhos", afirmou, acrescentando que "o bom desempenho" da sua missão terá de passar necessariamente por contar com todos".

"Não vamos inventar coisas novas", afirmou o prelado nascido em Cabo Verde, depois de sublinhar que o programa da Igreja, que conta com "dois mil anos", deve "sintonizar-se" e "adaptar-se" a cada "tempo" e "circunstância", como vai acontecer com as ilhas da diocese, que reclamam uma "pastoral específica".

O prelado considerou que a Igreja "precisa de ser reanimada em muitos aspetos", embora a orientação a dar à diocese passe pela "continuidade" da ação realizada pelo seu antecessor, Arlindo Gomes, primeiro bispo de Mindelo e atual prelado de Santiago de Cabo Verde.

"O meu amor pela Igreja está na origem da minha vocação desde jovem", recordou o prelado, realçando que a "paixão" por servi-la foi decisiva para aceitar o convite do Papa para ser bispo.

Na abertura da alocução, Ildo Fortes saudou o presidente da Assembleia da República, primeiro-ministro e outros membros do Governo, bem como Paulino do Livramento Évora, prelado emérito de Santiago, e José Câmnate, bispo de Bissau (Guiné).

 

Fonte: Agência Ecclesia